Durante a sabatina, Ricardo Salles falou sobre medidas para evitar repetição de tragédias, mudanças climáticas e preservação dos recursos naturais.
O Roda Viva desta segunda-feira (11/2) recebeu o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Mudanças climáticas, questões como preservação dos recursos naturais e medidas para evitar a repetição de tragédias, como a de Brumadinho e Mariana, foram abordadas durante o programa. Em pauta, ainda, a questão das agências ambientais, como ONGs, e os interesses do Setor Agropecuário.
Mestre em Direito Público pela Universidade de Yale, Ricardo Salles foi Secretário Estadual do Meio Ambiente de São Paulo no Governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e fundou, em 2006, o Movimento Endireita Brasil. Também, já atuou como Diretor Jurídico da Sociedade Rural Brasileira, Diretor e Conselheiro do Instituto Brasileiro de Estudos de Concorrência, Consumo e Comércio Internacional (Ibrac) e Diretor do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa).
Em entrevista, Ricardo Salles minimizou a importância do líder ambientalista, não apresentou propostas concretas para o meio ambiente no Brasil e continuou defendendo mais agilidade nas licitações, mesmo após crimes ambientais como os da Vale. Confessou que não conhece a Amazônia e muito menos sabe da história do líder seringueiro Chico Mendes, considerado mundialmente uma das maiores referências da causa ambiental.
Já no final do programa, o Apresentador, Ricardo Lessa, perguntou a opinião de Salles sobre Mendes, ao que ele respondeu: “Eu não conheço o Chico Mendes, escuto histórias de todos os lados. Dos ambientalistas mais ligados à esquerda, que o enaltecem. E das pessoas do agro que dizem que ele não era isso que contam. Dizem que usava os seringueiros pra se beneficiar”, afirmou. Lessa rebateu: “Se beneficiar do que? Ele é reconhecido pela ONU”. O ministro, então, disparou: “O que importa quem é Chico Mendes agora?”.
Para além da ignorância com relação a uma liderança que é referência na área em que atualmente é responsável, Salles seguiu defendendo licitações mais ágeis e até mesmo a auto-licitação de empresas que vão atuar em áreas de preservação ambiental ou que suas atividades ofereçam riscos, mesmo confrontado pelos jornalistas com o fato de que as tragédias de Mariana e Brumadinho (MG) aconteceram após licitações relâmpago.
De acordo com Salles, a idéia é adotar uma política de licitações em que haja “objetividade” pois, assim, às licitações para empreendimentos que ofereçam riscos, como as de mineração, sejam melhor executadas.
“Se fosse verdade que esse sistema burocrático funcionasse não teríamos presenciado, nesse sistema, essas tragédias”, disse, de forma retórica.
Ao longo da entrevista, o ministro ainda relativizou os critérios de multas às empresas que cometem crimes ambientais e, ainda, propôs um processo de “acordo negociado” com infratores, o que, na prática, seria uma espécie de anistia.
Pressionado a oferecer respostas em respeito às vítimas de Mariana e Brumadinho, Salles minimizou e afirmou que a resposta está sendo dada através da presença de autoridades nos locais das tragédias.
“O respeito às vítimas é essa resposta rápida, objetiva, a presença do governo em peso. Três ministros estiveram lá [em Brumadinho] no primeiro dia. O próprio Presidente foi ao local”, disse, sem apresentar atitudes concretas para punir a empresa, indenizar as vítimas e evitar novos acidentes.
A bancada de entrevistadores foi composta, por: Vera Magalhães, Comentarista da Rádio Jovem Pan e Colunista do jornal O Estado de S. Paulo e do site BR18; Xico Graziano, Agrônomo, Político e Professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas; Cristina Serra, Jornalista e Autora do livro Tragédia em Mariana; Carlos Rittl, Secretário-executivo do Observatório do Clima; e Gustavo Cunha Mello, Analista de Riscos.
Fonte: Revista Fórum
Assista a íntegra da entrevista...
https://www.facebook.com/rodaviva/videos/2420094268054803/?t=0
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